Drogas psicoativas ou psicotrópicas são aquelas que causam alterações sobre a percepção, emoções, cognição e comportamento. Elas veem sendo utilizadas ao longo de milênios, nas mais diferentes culturas e para as finalidades as mais diversas. Porém, dentro de uma perspectiva histórica, tem sido mais recente o impacto alarmante que elas vêm produzindo em nível global.
As razões pelas quais as drogas se tornaram um problema muito maior na sociedade contemporânea são múltiplas, e envolvem aspectos sociais, econômicos, culturais, mas também científicos. Sim, pois foi o conhecimento científico que permitiu desde a destilação do álcool para fabricação de bebidas com maior teor alcoólico, até a síntese de psicotrópicos perigosos, tais como a heroína, a metanfetamina, dentre muitos outros.
A Ciência também permitiu a extração e purificação de diversos princípios ativos, tornando-os mais concentrados, como foi feito com a morfina, proveniente do suco da papoula, e com a cocaína, encontrada nas folhas da planta Erythroxylum coca na sua forma mais diluída e pouco absorvível pelo organismo.
Sabe-se, inclusive, que não somente as drogas ilícitas (THC, cocaína, certos anfetamínicos e opioides) geram impacto negativo para o indivíduo e a sociedade, mas também o uso de drogas lícitas, como o álcool e a nicotina, bem como o mal uso de fármacos medicamentosos, como sedativos, anfetamínicos e opioides. Inclusive, uma mesma droga, ou seja, um mesmo princípio ativo, pode ser utilizado tanto com finalidade medicamentosa, trazendo resultados positivos ao indivíduo, como também com finalidade recreacional ou abusiva, trazendo impacto negativo sobre o indivíduo e a sociedade. Tal fato nos remete ao pensamento do famoso médico renascentista Paracelso, quando diz que “a diferença entre remédio e veneno é a dose”.
Os opioides, por exemplo, são extremamente úteis em casos de pacientes que sofrem de dor severa e quando administrados adequadamente. Porém, podem ser utilizados com finalidade abusiva por seus efeitos euforizantes e relaxantes, podendo levar o indivíduo a dependência química. Benzodiazepínicos, quando administrado com responsabilidade e prescrito por um psiquiatra, trazem benefícios aos pacientes que sofrem de ansiedade, insônia, epilepsias e espasmos musculares, mas também podem ser usados de forma abusiva, excessiva e desnecessária e sem a indicação e supervisão do especialista.
O anestésico e antidepressivo cetamina, também de grande importância no tratamento da depressão e em procedimentos cirúrgicos, veem sendo utilizado de forma recreacional por conta de seus efeitos alucinógenos e gratificantes. O THC, princípio ativo da maconha, também é um exemplo, pois tem sua aplicabilidade na clínica como antiemético em pacientes com câncer submetidos a quimioterapia e como estimulador do apetite em pacientes portadores de HIV; porém, pode ser utilizado de forma recreativa por conta de seus efeitos relaxantes e euforizantes.